30 de Setembro de 2021 0 comentários
1) O que são soft skills?
Você se formou na melhor faculdade do país, fez curso de MBA, especialização e até começou o mestrado. Tem competências técnicas na sua área que supera vários colegas de profissão. Fala 3 línguas e morou fora do país em uma breve experiência de voluntariado. Seu currículo é invejável e você provavelmente acha que está mais do que apto para assumir um cargo de liderança em uma empresa bacana ou montar seu próprio negócio.
Sinto informar que você ainda não está preparado. Pior: só vai estar realmente pronto quando passar pelos primeiros problemas e frustrações. E souber tirar deles, aprendizados e lições. É só quando passam por experiências desafiadoras que as pessoas começam a trabalhar habilidades comportamentais. Tratam-se das soft skills – na tradução para o português, habilidades leves - que são um conjunto de competências que envolvem aptidões mentais, emocionais e sociais.
As soft skills nada mais são do que um conjunto de habilidades e competências relacionadas ao comportamento humano.
O melhor exemplo de soft skill talvez seja a inteligência emocional, que é a capacidade de lidar bem com as próprias emoções e usar essa energia a seu favor, sem impulsividade ou arrependimento posterior. Essa é uma habilidade que aparece na entrevista de emprego, na prova de um concurso público, ao lidar com imprevistos no trabalho, ao gerenciar pessoas e em várias outras situações rotineiras no ambiente corporativo.
Outros exemplos de soft skills são empatia, ética, liderança, resolução de conflitos, flexibilidade, criatividade, pensamento crítico, trabalho em equipe e a capacidade de tomada de decisão. Todas elas trazem benefícios para a vida pessoal, mas também se mostram importantes para melhorar o desempenho profissional, podendo ser a diferença que falta para o seu sucesso.
2) Qual a diferença entre hard e soft skills?
As hard skills são as habilidades técnicas. Ou seja, tudo aquilo que você aprende no ensino formal ou não, em cursos, treinamentos, na graduação e pós-graduação. São as informações que você quer colocar no currículo, atualizar no perfil do LinkedIn ou destacar para o recrutador em um processo de seleção.
As hard skills são concretas, quantificáveis e de aprendizado técnico. A habilidade de usar uma ferramenta é uma hard skill. Uma certificação em marketing digital, também.
Já as soft skills trabalham no universo do que é comportamental e, portanto, são aprendizados subjetivos e difíceis de serem analisados. Elas estão relacionadas à forma de se relacionar e interagir consigo, com as pessoas e com o mundo.
3) Qual a importância das soft skills no mercado de trabalho?
Numa época de transformações disruptivas, em que a tecnologia, a automação, a cultura digital, a ciência de dados e a inteligência artificial passam a ocupar as funções das pessoas no mercado de trabalho, nunca foi tão necessário apelar para o nosso lado mais humano utilizando habilidades que nenhum robô ou máquina é capaz de imitar.
Não apenas o LinkedIn, mas outras grandes empresas começaram a mudar a perspectiva na contratação quando perceberam que os melhores funcionários não são aqueles que acumulam diplomas, MBAs ou outros certificados, mas sim aquelas pessoas apaixonadas pelo que fazem, são éticas, perseverantes, leais e com mentalidade focada no crescimento individual e coletivo.
“Habilidades, não diplomas, definem hoje os melhores talentos”. Jeff Weiner, CEO do LinkedIn
E tem mais: um relatório divulgado pelo Fórum Econômico Mundial apontou que 35% das habilidades necessárias no trabalho irão sofrer alterações até 2020. E daqui a 10 anos, 50% das profissões de hoje serão obsoletas. Grande parcela das novas atividades ainda nem foram inventadas.
Uma frase de Peter Drucker, o pai da administração moderna, permanece uma máxima nos dias atuais: “As pessoas são contratadas pelas suas habilidades técnicas, mas são demitidas pelos seus comportamentos”.
Sabe-se que nove em cada 10 profissionais, cerca de 90% das pessoas, são contratadas pelo currículo (Hard Skills) e demitidas pelos comportamentos (Soft Skills). A informação é do levantamento de 2018 da Page Personnel, consultoria global de recrutamento para cargos de nível técnico e suporte à gestão.
Os dados destacam que não basta profissionais qualificados tecnicamente, com ótimos cursos e atividades complementares para ser selecionado para uma vaga. Relacionamento interpessoal, comunicação, liderança, negociação, empatia etc., vão muito além dos bancos de faculdade. Do mesmo modo que a tecnologia e a inteligência artificial avançam rapidamente, é fato que as soft skills dificilmente serão copiadas pelos robôs.
4) Quais são as principais soft skills?
O Fórum Econômico Mundial divulga há algum tempo as habilidades que estão e estarão em alta no mercado de trabalho. Em 2016, eles listaram no relatório The Future of Jobs as 10 top habilidades para 2020. Parecia um tempo distante, mas o futuro chegou e está exigindo novas práticas dos profissionais.
Uma pesquisa publicada na revista The Economist aponta que as soft skills do século 21 são muito mais focadas nas habilidades humanas e sociais do que nas competências técnicas. O avanço das tecnologias físicas, digitais e biológicas estão modificando totalmente o mercado de trabalho e exigem um olhar diferente para o que realmente gera valor.
Você já deve ter visto esse quadro ao lado apresentando as soft skills essenciais para 2020. No entanto, muitas vezes percebo que as pessoas não estão completamente familiarizadas com esses termos. Muitos conceitos não são sequer compreendidos pelos profissionais, o que dirá a prática.
Para facilitar o processo, explico abaixo - uma a uma - as soft skills essenciais para o mercado de trabalho na Quarta Revolução Industrial e convido você que conheça e comece a praticá-las dentro do seu contexto e realidade.
Como diria o escritor e futurista norte-americano Alvin Toffler: "Os analfabetos do século 21 não serão aqueles que não sabem ler ou escrever, mas aqueles não sabem aprender, desaprender e reaprender". Portanto, nunca é tarde para tomar consciência e começar a treinar, certo?!
1) Solução de problemas complexos: é a capacidade de resolver problemas novos de maneira prática em um processo que requer objetivo e coordenação de esforços rumo à solução. Isso exige uma nova forma de perceber e criar estratégias para resolver situações complexas, inesperadas e com muitas variáveis, características dos desafios do século XXI;
2) Pensamento Crítico: é ter a mente aberta para novidades e ideias diferentes, saber fazer as perguntas certas e olhar para uma questão sob diferentes perspectivas. O pensador crítico sabe usar tanto a lógica quanto o raciocínio para questionar problemas, identificar os “prós” e “contras”, ponderá-los e considerar as diferentes soluções;
3) Criatividade: é a capacidade de idealizar coisas novas, fazer conexões e gerar soluções inovadoras. Para isso, é preciso saber usar a imaginação e criar algo inédito e original. As novas tecnologias exigem dos profissionais uma significativa dose de criatividade para que possam assimilar, usufruir e tirar vantagem de todas essas mudanças;
4) Gestão de Pessoas: é saber identificar aptidões, motivar, ouvir e desenvolver pessoas. Também preocupar-se com a cooperação, coordenando diferentes temperamentos, ideias e talentos em torno de um ideal ou meta comum;
5) Coordenação com outros: é uma habilidade social que envolve saber trabalhar com pessoas de personalidades distintas, saber se comunicar de forma clara e, acima de tudo, saber lidar com as diferenças.
6) Inteligência Emocional: envolve um arcabouço de competências que incluem autoconhecimento, controle emocional, automotivação, empatia e habilidade em relacionamentos interpessoais. E também conhecer e gerir bem as próprias emoções;
7) Julgamento e Tomada de decisão: considerar as diversas variáveis, como informações, números, pontos de vista, contexto, princípios, leis e emoções. É saber usar a intuição e somar todos os fatos já conhecidos para chegar a uma conclusão e atitude firme;
8) Orientação para serviços: estar disposta a servir e ajudar, tanto clientes externos quanto internos. Mais do que saber orientar, o profissional deverá conhecer bem o seu público para adaptar os produtos e serviços oferecidos à realidade dele;
9) Negociação: é preciso ter facilidade de relacionar-se com as pessoas, ser proativo, ter empatia e ser comunicativo; A negociação é um processo de comunicação que parte da necessidade de resolver diferenças, chegar a acordos e encontrar soluções a fim de alinhar interesses conflituosos;
10) Flexibilidade cognitiva: é capacidade de se manter atualizado e ser flexível para aprender informações novas e de diferentes áreas. Também saber priorizar entre o que é ruído e não agrega e quais pontos são realmente importantes na contextualização do problema. Quanto mais flexível for o indivíduo, mais ele conseguirá enxergar novos padrões e criar associações únicas entre as ideias.
Agora que você já conhece todas as habilidades necessárias para o mercado de trabalho da nova economia, faça as seguintes perguntas e responda honestamente:
Com essas questões respondidas, você já pode montar um plano de ação para exercitar cada uma das habilidades que escolheu.
Via: O Pulo do Gato
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